Um método sem método
Antes de iniciar essa explicação dinâmica da Lectio, se faz necessário distinguir os termos “contemplação” e “meditação”, que geralmente são confundidos.
A palavra meditação refere-se a um processo racional discursivo em que se pondera e reflete, em oração, sobre palavras, acontecimentos etc., com o objetivo de tirar deles algum significado ou moral pessoal. É basicamente uma atividade do intelecto e da razão, auxiliados pela graça.
A contemplação é descrita como um “descanso” em Deus, ou um “olhar amoroso” para ele, ou um “conhecimento além do conhecimento”, ou uma “atenção extática” para Deus. Todas essas tentativas de verbalizar a experiência necessariamente falham em expressar a realidade, pela simples razão de que a contemplação transcende o pensamento e o raciocínio da meditação, assim como as emoções e “sentimentos” das faculdades efetivas. Ela é, basicamente, uma oração e experiência de pura fé.
A Lectio tem sido às vezes chamada de um “método sem método” de oração. A descrição alude ao fato de que ela não é tanto um modo aprendido de oração, mas um processo que “flui” naturalmente para a contemplação como seu destino. Os níveis progressivos da Lectio são experimentados como um movimento interior unificado que só atinge plenamente o objeto de seu desejo na “contemplação” final.
*Resumo do livro: Thelma HALL. Lectio Divina: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2001.
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